A Casa do Lago
Nota: 5,5
A Casa do Lago, é uma história sobre amantes que se desencontram no tempo, em uma trama na qual a arquitetura de Chicago é tão ou mais importante quanto o amor entre os personagens principais. Keanu Reeves e Sandra Bullock fazem o par central deste filme, que certamente vai atrair interesse do público feminino, embora a história de amor frustrado seja uma fantasia que não satisfaz, bela de se olhar, mas fundamentalmente confusa.
A idéia central do filme é uma metáfora atraente do destino romântico: duas almas solitárias que vivem numa mesma casa em tempos diferentes começam a se comunicar, através de cartas e uma distância de dois anos. A paixão no filme é contida ou mesmo ausente. O final é tão decepcionante que o espectador que não se confundir com o pingue-pongue entre os dois períodos de tempo vai sair do cinema cheio de dúvidas na cabeça.
O diretor argentino Alejandro Agresti (Valentin) e o roteirista David Auburn (A Prova) adaptaram a história do romance-fantasia sul-coreano Il Mare, de 2000. Abrindo mão da tensão dramática, Auburn faz seus personagens trocarem diálogos demasiado óbvios e, para completar, carrega demais nas referências literárias e cinematográficas.
Mas é verdade que, com a ajuda da trilha sonora contida de Rachel Portman, do design de produção de Nathan Crowley e da precisão elegante e suntuosa da direção fotográfica de Alar Kivilo, A Casa do Lago consegue captar a maneira como determinados lugares ficam imbuídos de sentimentos. A casa titular é uma estrutura belíssima de vidro, construída especialmente para o filme.
A Dra. Kate Forster (Sandra Bullock) parte para Chicago para trabalhar num hospital, deixando sua casa no lago. Ela deixa uma carta para o próximo morador da casa, pedindo que sua correspondência seja remetida a seu novo endereço. A pessoa que recebe o bilhete é Alex Wyler (Keanu Reeves), que se muda para a casa projetada anos atrás por seu pai. Ele fica perplexo com o pedido da doutora.
Mas em pouco tempo os dois começam a trocar cartas diárias através da caixa postal da casa e descobrem que, enquanto ela vive em 2006, Alex está escrevendo em 2004. A solidão e a introspecção são temas cinematográficos férteis, mas em Casa do Lago Reeves e Bullock, que trabalharam juntos em Velocidade Máxima, representam personagens tão introspectivos e tímidos que inspiram apenas indiferença.
Bullock consegue transmitir bem a insatisfação de Kate, sem exagerá-la, embora o roteiro exagere ao repisar o velho refrão de que as mulheres solteiras que se dedicam a sua profissão são as pessoas mais tristes do planeta. Kate joga xadrez com seu cachorro, e seus únicos contatos no mundo real são as relações insatisfatórias com um ex-namorado (Dylan Walsh), sua mãe (Willeke van Ammelrooy) e uma colega de trabalho (Shohreh Aghdashloo).
Keanu Reeves - cujos trabalhos recentes mais interessantes têm sido em filmes independentes pequenos e cujo verdadeiro ponto forte é seu lado cômico - faz de Alex um homem misterioso e difícil de compreender. Ele é um arquiteto que, diferentemente de seu irmão (Ebon Moss-Bachrach), desviou-se do que realmente gosta para projetar prédios de apartamentos.
O diretor Agresti interrompe a ação, por assim dizer, para que Christopher Plummer, no papel do imperioso pai dos dois, possa fazer um discurso sobre a qualidade da luz, com um brilho nos olhos de artista louco. Mas não existe luz no fim desse túnel de tempos atravessados, cujos participantes sentem uma conexão que o espectador não consegue enxergar.
Embora o longa não deixe de ter momentos muitos belos - como, por exemplo, quando uma árvore que Alex planta para Kate em 2004 aparece de repente diante dela, já crescida, ou a preparação para o fantástico encontro no restaurante onde os protagonistas combinam um jantar (um deles, para amanhã; o outro, para dali a dois anos e um dia) - uma parte grande demais dessa história que quer ser de amor é relatada em leituras de cartas que tentam encobrir um vazio que o filme não consegue preencher no presente.
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