22 julho 2005

Em Boa Companhia



Nota: 6

Nesta época de grandes conglomerados sendo comprados, vendidos e fundidos, Em Boa Companhia (In Good Company, 2004) se destaca por mostrar de forma "bonitinha" o que acontece nos bastidores destas empresas.

Até a chegada de Carter Duryea (Topher Grace), Dan Foreman (Dennis Quaid) era o que se poderia chamar de homem perfeito. Cinquentão charmoso, ele é um pai de família carinhoso, preocupado, trabalhador e que no escritório é bom chefe, trata bem todas as pessoas, é leal e realmente se preocupa e gosta do que o que faz.

Porém, quando a revista da qual ele é o vice-presidente da área de vendas é comprada pela Globecom, Dan não apenas perderá seu posto, mas passará a ser comandado por Carter, um moleque 25 anos mais novo que ele. Além de ser totalmente inexperiente neste ramo de negócios, Carter está passando por uma fase complicada na sua vida pessoal. Cada vez mais solitário, tudo o que lhe restará é o trabalho.

As atuações, apesar de focadas principalmente na dupla Quaid-Grace, parecem bastante naturais, sem grandes esforços para os atores. Méritos ao diretor e roteirista Paul Weitz, parceiro do irmão Chris Weitz em Um Grande Garoto e American Pie. A trama desenvolvida mira e acerta no relacionamento humano e talvez por isso o filme venha sendo tão elogiado onde é exibido.

Se logo na primeira cena, quando está vendendo celulares em formato de dinossauros, Topher não passa a imagem de um engravatado bem-sucedido, não demora para esquecermos um pouco o nerd magricelo que ele interpretava em That 70's Show. Sua ligação com Alex (Scarlett Johanson) é instantânea e os dois realmente fazem um bom par juntos. No trabalho ele começa passando confiança aos funcionários com toda aquela papagaiada de sinergia que é bastante repetida em empresas pontocom e livros de auto-ajuda. Mas com os freqëentes cortes de custos e pressão para aumentar receita, Carter sabe que ainda não tem como bater Dan e por isso se apóia nele.

Com esta bela atuação, Topher, que vinha fazendo pequenos papéis em filmes como Traffic, Onze Homens e Um Segredo, confirma que sua saída da série cômica foi acertada. Mas tudo depende dos papéis que escolher... caso contrário, poderá ter o mesmo destino de seu ex-colega Ashton Kutcher, que estrela inúmeras comédias-românticas idênticas por ano.

Se a idéia está bem contextualizada e as atuações são boas, então qual o problema no filme? Há escondido por ali um conto de fadas que pode não convencer a todos. A lição de moral e o final feliz são fantasiosos demais. Pode até ser inspirador para alguns, mas é incondizente com o tom mais realista que o longa vinha trazendo até então. Por isso, manere nas suas expectativas. Em Boa Companhia chega um pouco "hypado". Ele não é um Agente da Estação, muito menos Encontros e Desencontros, mas com certeza merece uma boa olhada.