Closer - Perto Demais
Nota: 8
Não é difícil notar que "Closer - Perto Demais" se baseia em peça teatral. A trama sobre casais que se envolvem mostra que, mais que o amor, existe a cobiça pelo poder, pelo controle. É um drama romântico à primeira vista, que gira 180 graus e esbanja amargura e cinismo no roteiro de Patrick Marber. Dividido ostensivamente em cenas (algumas ótimas, outras nem tanto), tem apenas quatro atores (alguns ótimos, outros nem tanto), que desenvolvem os personagens a partir de situações-chave vividas ao longo de anos em Londres.
É provável que todos ganhassem, no entanto, se a direção fosse um pouco mais desrespeitosa à peça. O fato das palavras soarem como o tipo de conversa que não se tem na vida real é o único defeito de Closer, que é baseado numa peça teatral. O encontro que começa a formar o quarteto se dá em circunstâncias inusitadas, quando um jornalista inglês especializado em obituários (Jude Law) ajuda uma jovem norte-americana desacostumada ao trânsito britânico (Natalie Portman).
Depois, conhecemos uma fotógrafa norte-americana (Julia Roberts) e um médico inglês (Clive Owen, que interpretou o papel do jornalista no palco).
"Não consigo tirar os olhos de você", diz o refrão da música-tema, composta e interpretada pelo irlandês Damien Rice. É de obsessão amorosa, portanto, que se fala (e se fala muito), bem como de relacionamentos frustrados, auto-sabotados e manipulados. Para os comportados padrões hollywoodianos, essa pequena cartilha sobre romances contemporâneos tem diálogos ousados, embora a abordagem intelectualizada soe muitas vezes pretensiosa --é o filme "inteligente" da safra do Oscar.
Clive Owen não tem nada a ver com isso e constrói o mais sólido dos quatro personagens. Natalie Portman também se sai bem, à vontade em papel ambíguo, mas Jude Law e Julia Roberts destoam --ainda que seja possível defender a tese de que os seus personagens se enfraquecem ao lado dos outros dois.
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