08 dezembro 2004

O Expresso Polar



Nota: 6,5

O ano está acabando. Durante esses 40 dias que faltam, os estúdios apostam suas fichas nas produções de temática natalina. São filmes voltados para toda família, que sempre vêm acompanhados de alguma mensagem. O Expresso Polar (The Polar Express, 2004), do diretor Robert Zemeckis, é a primeira grande produção a chegar ao mercado nacional. O filme foi anunciado como a mais perfeita combinação de interpretação real e animação computadorizada. O longa é baseado no livro de 1985, escrito e ilustrado por Chris Van Allsburg, um dos nomes mais respeitados da literatura infantil. Aproveitando o lançamento, uma edição de capa dura está sendo editada no Brasil.

O Expresso Polar é uma história simples e emocionante sobre um garoto que não acredita mais em Papai Noel. Na noite de Natal, ele encontra-se em seu quarto, frustrado, quando escuta um terrível estrondo. Ao se aproximar da janela, vê um trem negro, brilhante e barulhento parado bem em frente à sua casa. Saindo à rua de pijama e chinelos, depara-se com o condutor do trem, que parece estar só esperando por ele. O trem está indo para o Pólo Norte. Durante a viagem ele conhece outras crianças, cada uma em sua jornada pessoal para descobrir o que lhe falta para ser completa.

Partindo desse argumento, o filme embarca numa viagem recheada de aventuras, músicas e mensagens, típicas das produções voltadas para o público infantil. Tom Hanks, velho colaborador de Zemeckis em filmes como Forrest Gump e O Náufrago, abraçou o projeto de corpo e alma. Além de produtor executivo, ele interpreta cinco personagens do filme (Menino, Pai do Menino, Condutor, Andarilho e Papai Noel). Veja bem, quando falo interpreta não quero dizer dubla. É interpretação mesmo. Usando a técnica batizada de motion capture (captura de desempenho), todos os personagens do filme foram feitos por atores de verdade em um estúdio. Eles atuaram vestindo um macacão que grava todas as suas ações, inclusive da face, que também fica coberta por pequenos pontos. Assim a expressão corporal e fisionômica do elenco é captada e usada pelos animadores.

Tudo isso aliado aos efeitos de computação gráfica, deu a Zemeckis a condição de realizar algumas seqüências de tirar o fôlego. A cena do bilhete perdido viajando pelas paisagens é ao mesmo tempo artística e poética. A ação no lago congelado também é edificante. Ao chegar ao Pólo Norte acompanhamos toda a cerimônia dos elfos para a entrada monumental de Papai Noel. Obviamente, a sua apresentação só podia ser marcada por uma canção de natal interpretada pela maior voz de todos os tempos. "Santa Claus is coming to town", gravada por Frank Sinatra em 1948, encaixa com perfeição à cena.

A trilha sonora tem ainda duas músicas cantadas pelo personagem de Tom Hanks. Com destaque para "Hot Chocolate", acompanhada por um balé digno dos musicais da Broadway. Como em todo filme natalino, "White Christmas" também se faz presente na voz de Bing Crosby. Tem ainda a participação super especial do cantor e líder da banda Aerosmith, Steven Tyler. Ele aparece cantando "Rockin on top of the world". Com aquela boca e o rosto marcado por todo tipo de rugas, é mais que apropriada a sua participação como elfo.

Enfim, apesar de todo o esmero na técnica, ainda há muito o que evoluir, já que os personagens ainda parecem ter aquele olhar de zumbi. Está para ser criada a técnica capaz de captar a expressão dos olhos humanos. Assim, a força do filme continua sendo sua mensagem, em que basta acreditar na magia do Natal para ela estar presente.