17 dezembro 2004

Ilusão de Movimento



Nota: 5

Longa-metragem de estréia de Héctor Molina, diretor egresso da TV e dos curtas, Ilusão de Movimento (Ilusion de Movimiento, Argentina - 2000) foi produzido no bem-sucedido núcleo de cinema de Rosario, que desponta no cenário argentino como uma das mais promissoras forças criativas nacionais. No entanto, Molina, atualmente professor universitário da sétima arte, falha ao não conseguir focar sua obra, que acaba borrada em meio a pontas soltas, problemas de execução e narrativa redundante.

Na história do filme, Geraldo (Carlos Resta) volta à cidade que deixou há dois anos, quando houve uma ação de resistência política que acabou em tragédia e o forçou a se esconder por um tempo. Em seu retorno, reencontra David (Matías Grappa), seu melancólico filho de sete anos, que vive agora com a avó e a tia. Também retorna ao convívio dos amigos, que o ajudarão a redescobrir o amor pelo filho e a superar a dor mal cicatrizada da perda da esposa e seu sentimento de culpa.

A premissa parece ótima, mas durante toda a produção o cineasta parece não conseguir decidir-se por um objetivo para seu filme. Passa do melodrama à comédia e ao suspense de forma atropelada, chocante, (des)costurada por uma trilha sonora barata. Cada cena parece ter sido dirigida por uma pessoa diferente - algumas são boas isoladamente, outras são completamente irrelevantes, repetitivas e ruins. Assim, a obra resulta confusa e pueril, apesar da trama simplista. Também sobram erros técnicos, como a montagem - que poderia ter extraído um bom filme dali - e o som, quebrado em muitos momentos ou fora de sincronia.

Salvam-se apenas os atores, que se esforçam para colocar alguma ordem na bagunça estabelecida por Molina. No entanto, o único que realmente convence é o garotinho Matías Grappa, que vive o pequeno David, que, sem dúvida, merece uma nova chance urgente.

Um filme perdido em boas intenções, mas que mancha a reputação do ótimo novo cinema argentino.