A Sétima Vítima
Nota: 4
Nos últimos anos, a Espanha tem brindado o público com diversas boas produções de terror. São filmes que sobretudo têm inovado o tema com roteiros originais e uma nova safra de diretores competentes. A sétima vítima (Darkness, 2002), do diretor Jaume Balagueró, não consegue ser brilhante como seus antecessores, mas mesmo assim traz soluções criativas para uma história inverossímil e batida.
Como não podia deixar de ser, o filme começa quarenta anos atrás, quando - durante um eclipse - sete crianças desaparecem numa província na Espanha. Só uma criança é encontrada. O seu relato é desconexo e misterioso. No primeiro furo do roteiro, inexplicavelmente, as autoridades não investigam o caso e tudo fica por isso mesmo. Já nos dias atuais, a criança sobrevivente mudou-se para os Estados Unidos e se tornou um pai de família com um casal de filhos. Atraído por uma proposta comercial, Mark (Iain Glen) retorna com sua esposa Maria (Lena Olin) e seus filhos Regina (Anna Paquin) e Paul (Stephen Enquist) para a mesma província. Por incrível que pareça, eles decidem morar numa mórbida casa bastante afastada da cidade e que mais parece a residência do personagem Norman Bates, do filme Psicose (Psycho, de Alfred Hitchcock, 1960).
Mark começa a enlouquecer conforme as luzes e outros fenômenos paranormais começam a acontecer na casa. Descobrimos então que ele nunca deixou de ter esses surtos. Num segundo furo do roteiro, seu médico (Giancarlo Giannini), que é seu próprio pai, parece não se importar muito com isso. Espectadores mais atentos matam toda a trama nesse momento. Para piorar, Maria, esposa de Mark, acha completamente normal que seu filho Paul acorde toda manhã arranhado. Alega que ele deve ter feito isso em si mesmo durante o sono (!?!?). Regina, única personagem que não abusa de nossa inteligência, é a primeira a desconfiar que alguma coisa estranha está ocorrendo e auxiliada por seu namorado, Carlos (Fele Martinez), resolve investigar os acontecimentos.
O roteiro parece uma colcha de retalhos de outros filmes. A receita tem como ingredientes Os Outros, de Alejandro Amenábar, A Espinha do Diabo, de Guillermo del Toro, e O Iluminado, de Stanley Kubrick. Chega a lembrar os piores momentos do diretor italiano Dario Argento. Só faltou uma péssima dublagem e imagens sanguinolentas para sermos transportados para esse universo. O ótimo elenco é desperdiçado. Ao mesmo tempo em que eles não comprometem o filme, também não são exigidos em suas qualidades.
A única coisa que se salva são os inusitados planos do diretor. Claramente notamos que ele substitui os efeitos especiais por movimentos de câmera singulares. Mesmo com esse fiapo de história ele consegue algumas imagens assustadoras. Um outro ponto positivo é o final, bem diferente dos padrões de Hollywood. Mas isso é muito pouco para o talento do diretor.
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